E agora, mais essa! - continuação

Estava molhado e com bastante frio. Tão logo começou a se aquecer em nossas mãos, acalmou-se e dormiu, em posição fetal. Dormiu bastante.
É um lindo animal, com pêlo macio e de coloração muito bonita, indo de um castanho escuro, no dorso, a claro, na barriga.
 Dedos fortes, unhas muito compridas e finíssimas, capazes de se fixar em quase qualquer superfície (inclusive chegando a machucar a nossa pele quando andando ou se segurando em nós). E a cauda? Diferente, com um desenho em ´S´, colocada sobre o dorso, chegando a passar a cabeça. Muito lindo.
No dia seguinte, com orientação de uma veterinária, alimentamos o bichinho com comida para bebês e, a partir daí, ele começou a dar sinais de recuperação, mostrando uma de suas características mais marcantes: a extrema agilidade e reflexo impressionante.
Bastante sensível a cheiros fortes, barulho e agitação, come constantemente (caramba, que trabalheira cuidar dele) e, quando acordado, ninguém segura! O cara (é macho) não para um segundo sequer. Sobe nos braços, nas costas, na cabeça (já urinou nas minhas costas e também na minha cabeça!) e fica nessa agitação at
é ser colocado na casinha, quando ou fica forçando a tampa querendo sair ou fica ´arrumando´ a casa.
Fizemos uma primeira reaproximação com o local onde o capturamos, infrutífera. Ele nem chegou a tocar na árvore, mantendo-se agarrado ao meu braço. Na hora do almoço (nosso), colocamos ´a fera´ sobre o balcão da cantina da horta, fora da casinha, para ver sua reação. Aí, apareceram uns micos atrás de bananas e, quando se viram, os micos não comeram as bananas e foram embora...(vamos nos informar porque isso aconteceu).
Estaremos realizando outra aproximação com seu habitat assim que parar de chover já que, apesar de haver interessados na ´adoção´, inclusive nós mesmos, o lugar dele é na mata.
Mais notícias em breve!!!
 

Continuando essa aventura, muito a contragosto tentamos reaproximá-lo das árvores e não obtivemos êxito. Assim, ficamos cuidando dele por mais um bom tempo, mas deixando-o livre para explorar o ambiente durante o dia, o que ele fazia com certa apreensão e em pequenas distâncias até que um dia, sem maiores avisos, foi e não retornou, para a preocupação de todos. Será que ele iria conseguir sobreviver com facilidade?
No dia seguinte, com o raiar do Sol, fomos à sua procura e nada de esquilo. Mas, lá pelo meio-dia, eis que aparece o dito cujo, faminto mas inteiro. A alegria foi geral, dele e nossa. Mas, como a preocupação foi muita, essa noite ele passou conosco, à moda antiga (na caixinha).
Após essa reação inicial, a razão imperou e voltamos a soltá-lo, nos acostumando com a idéia da ´perda´. Assim, o esquilo passou a dormir fora todos os dias, aparecendo pela manhã, na hora do café. Esperto o cara...
E brincalhão. Sim, enquanto tomavamos café, e ele já alimentado, não parava de correr sobre nós, como que chamando para brincar de pegar.
Mas nem tudo foram flores. Num certo dia, ele apareceu meio esquisito, lento, com uma dificuldade de movimentar as patas traseiras... Arredio, não se deixava tocar e somente no dia seguinte, pela manhã, conseguimos pegá-lo. Estava bem quente e logo que sentiu segurança, se entregou e dormiu, dormiu muito, somente se alimentando pouco. No dia seguinte percebemos uma melhora, com momentos de reações normais mas, também, de recaídas, marcadas por uma diminuição nos reflexos e na agitação, tão peculiares nele.
Dois dias depois, já recuperado, nem agradeceu e voltou à rotina anterior. Parece que essas reações não são exclusivas dos seres humanos...
Essa adaptação à vida selvagem trouxe novidades: sua agressividade, vamos chamar assim, aumentou, sendo bem mais difícil tocá-lo, apesar de as brincadeiras de pegar continuarem e, quando era pego, rosnava. Isso sem falar de suas unhas. Pontudas como alfinetes, passaram a machucar-nos quando ele andava sobre nós, a ponto de furar a pele e, em algumas ´investidas´, sangrar. Mas o sentimento paterno e materno tolera muita coisa...
Hoje, mais certos de sua condição de sobrevivência só, a relação com ele é muito interessante, pois ele aparece de repente, seja na sede do Campus, seja no Studio, ao longo do caminho, claro que procurando comida fácil, mas sem depender dessa facilidade.
Ah, já ia esquecendo: tem sido visto acompanhado de uma esquila, para a qual leva um pouco da comida obtida. Tal qual outros seres que habitam esse planeta...
Muito legal a oportunidade que tivemos de viver esses momentos, mas de certa forma
nos ´alegra´ esse distanciamento dele, pois as suas unhas...

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